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Engenheiro se dedica a ajudar colegas de profissão desempregados durante a crise

 

Já evidenciamos por aqui que a engenharia foi afetada pela crise financeira do Brasil, tanto quanto as outras profissões. Para tentar driblar esse fator, Everton Fernandes, de Belo Horizonte, 34 anos, engenheiro eletricista e especialista em Engenharia de Manutenção e Inovação, resolver arregaçar as mangas.

Não, ele não é mais um dos engenheiros desempregados do país: ele trabalha em uma das maiores companhias de energia elétrica do Brasil, mas se solidarizou com colegas da mesma área de atuação que estão à procura de recolocação no mercado e, desde março, dedica 4 horas semanais para buscar chances de entrevistas em empresas para essas pessoas, sejam elas amigas ou não.

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Crédito: Shutterstock

O engenheiro eletricista se tornou um Job Hunting Voluntário, cujo trabalho consiste em ler, classificar e encaminhar os currículos diretamente para pessoas-chave – analistas de RH, gerentes, diretores, CEOs – para candidatura aos processos seletivos.

Bom, e ele faz isso por quê? Quem dá a resposta é o próprio: “porque a indiferença de quem pode ser decisivo em um eventual processo seletivome incomoda, quando se trata daqueles que tento ajudar, quando tento estabelecer algum contato com vistas a ajudar um colega de profissão e sou simplesmente ignorado, colegas que diferente de mim estão sem emprego, com compromissos assumidos, famílias envolvidas, dívidas”, respondeu ele, por e-mail.

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Desde que começou, o engenheiro eletricista já colocou três pessoas em processos seletivos e empregou uma – Crédito: Arquivo Linkedin

Veja uma entrevista realizada por Marc Tawil, jornalista, via LinkedIn:  

Como surgiu a ideia de dedicar-se à recolocação amigos no mercado de trabalho?

O trabalho que realizo não é restrito aos meus amigos e sim a todo engenheiro eletricista ou técnico em eletrotécnica que trabalhe com sistemas elétricos de potência, em geral. A ideia surgiu na minha própria dificuldade em conseguir entrevistas e participações em processos seletivos. Logo pensei: se para mim, que estou empregado em uma das maiores concessionárias de energia elétrica do Brasil, com anos de experiência profissional, com emprego estável, boa trajetória acadêmica e outras boas características está assim, imagina para quem está desempregado? Para quem está começando sua carreira? Para quem está mais vulnerável nesta crise? E foi assim que comecei a oferecer meu trabalho voluntário para este perfil de profissional.

Estamos falando de 2016, certo?

Sim. Dei início a este trabalho em meados de março deste ano, quando me tornei usuário da rede LinkedIn. Foi também nesta época que optei por procurar novos desafios e oportunidades em minha carreira profissional, quando “bati na trave” em um processo de seleção interna na empresa em que trabalho. Decidi não mais esperar a abertura de outro processo, que pode demorar, e buscar alguma posição no mercado de trabalho.

Além desse Job Hunting  Voluntário, exerce outros?

Não exerço outro tipo de trabalho voluntário, mas sempre tive vontade e admiro muito quem faz. Tenho me sentido tão realizado, que acredito que me integrarei a outros trabalhos brevemente, seja na igreja, em orfanatos ou asilos.

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Crédito: Shutterstock

Como você se organiza?

A maneira como dedico estas horas é bem simples: no mínimo 4 horas semanais exclusivamente para leitura dos currículos que chegam em um e-mail criado para este fim. Faço a organização destes currículos, de acordo com os perfis profissionais (tempo de experiência, tipo de área de atuação, formação acadêmica, entre outros). Atingido o mínimo de 4 horas (que podem ser pulverizadas ao longo da semana), direciono um tempo para a busca de oportunidades pessoais.

Em quem você se inspirou para mergulhar nesse projeto?

Me inspirei em consultorias com a Hays, Michael Page e headhunters independentes que dispõem de profissionais de recrutamento especializados em determinados segmentos (TI, Engenharia, Finanças, etc). A diferença é que não cobro dos colegas de profissão nem de empresas. Não tenho pretensões futuras quanto a isto, não ofereço garantias e promessas, meu único compromisso é ajudar e, surgindo alguma posição aderente a algum perfil do meu banco, me comprometo a fazer a indicação ou colocar os interessados em contato.

Conseguiu empregar alguém nesse período?

Sim. Até hoje consegui ajudar três colegas, que chegaram a realizar entrevistas e dinâmicas de grupo. Destes, um está empregado.

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Crédito: vulcanpost.com

As pessoas que você ajuda reconhecem os seus esforços?

Todos os colegas que me procuram são sempre muito educados e percebo que, independentemente de outros mecanismos de busca que utilizam, confiam em meu trabalho. Entre aqueles que consegui um melhor encaminhamento e, especificamente aquele que está empregado, houve, sim, um reconhecimento. Enviaram e-mails deixando-me ciente de todas etapas dos processos que estavam participando e sempre demonstrando enorme gratidão.

Felizmente, toda a crise passa. Quando essa se for, você pretende seguir por este caminho?

Acredito fortemente que o Brasil sofre com uma crise desde seu descobrimento, passando pelo período colonial e chegando aos tempos modernos. Temos potencial para sermos uma nação desenvolvida em todos os aspectos, sintomas da crise vêm e vão de tempos em tempos, como ocorre com doenças crônicas. O sintoma da vez é de cunho econômico-político-institucional e que não tenho dúvidas que passará. A doença crônica é o povo, sua falta de civilidade, interesse político, falta de amor ao próximo… É duro admitir, mas em minha humilde opinião o maior problema do Brasil são os brasileiros, não me excluo, faço parte disso e sei também que se aspiramos um dia sermos uma nação desenvolvida e digna de se viver a solução também virá dos brasileiros. Temos muito ainda a evoluir e acredito na força do povo. Pretendo, sim, fazer a minha parte, ajudar ao próximo, aprimorar meus métodos e atuar em outras frentes como voluntário.

Qual seu maior desejo, hoje?

Ajudar ao próximo, principalmente aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade (desempregados). Certamente, se interesses coletivos fossem colocados à frente dos individuais seríamos uma nação melhor de se viver.

 

Fonte: Blog da Engenharia